Peças


ARTORIANAS: Companhia Artória apresenta quatro peças de seu repertório 
sob a direção de Paulo de Arto



Elogio à Noite  Primeira parte da tetralogia do Movimento Artoriano que narra o nascimento, infância e juventude do poeta fictício chamado A(R)TOR, personagem livremente inspirado  e   influenciado pela linha de pensamento do dramaturgo  Antonin Artaud. As primeiras palavras faladas e escritas pelo poeta e seu rito inicial de admiração à lua e suas fases, a qual ele acreditava ser sua mãe, pai e lar.   O espetáculo mostra as primeiras apresentações públicas de A(r)tor, seus primeiros amores e a inquieta paixão por uma arte mais autêntica, espiritual e absurda. A narrativa ainda conta as influências culturais do poeta, as quais se desenvolveram  ou se perderam durante mudanças de décadas, séculos e milênios: “O que foi esquecido ontem pode ser sucesso amanhã!”. O Espetáculo finaliza com o início de uma festa à noite, quando o poeta parte para a vida adulta. Durante a festa, não se diferencia palco de platéia, todos estão inseridos no desejo de identificar quais estrelas do céu são seus passados ou futuros, quais estrelas são seus duplos de artes e sentimentos presentes.


 UniVersos  Segunda parte da tetralogia do Movimento Artoriano que narra a fase adulta do poeta A(r)tor e seu desenvolvimento artístico através do amor, erotismo, surrealismo e crueldade. A narrativa mostra a concepção e montagem da primeira obra teatral absurda do poeta, chamada ARTÓRIA. Nela são revelados seu processo criativo, seus delírios através de imagens e sonhos e ainda a direção cênica com seu elenco e a (des) incorporação teatral, que não diferencia palco de platéia: “todos presentes no teatro devem atuar, não representar!”. A peça narra também a intensa batalha que é conseguir espaços para apresentações de obras não conhecidas pelo grande público e que trazem provocações das esferas sexuais, políticas e  religiosas (de acordo com o poeta, os três universos (in) tocáveis) em seus contextos. O espetáculo finaliza com o início de uma festa para estréia da obra absurda de A(r)tor, à qual ele não pode comparecer, pois é internado em um asilo para loucos pelas forças policialescas locais, devido à profunda ousadia de seus poemas e cartas. E lá, passa os próximos dez anos de sua vida.


Conexões Urbanas  (ou)  Cartas Abertas Terceira parte da tetralogia do Movimento Artoriano que narra as fases de consumos e cárceres do poeta A(r)tor, bem como seus desencantos, perseguições e paranóias sofridas junto aos órgãos de repressões culturais do (E)sta(do)tuos quo. A narrativa mostra o abandono no dia-a-dia de asilos e as diversas formas de loucuras que são cerceadas pelos valores morais que julgam existir pessoas mais cidad(s)ãs do que outras. Mostra ainda a dificuldade do poeta para reergue-se na vida após a passagem de dez anos isolado do mundo. A peça narra a adaptação do poeta às:  novas tecnologias de sobrevivência na cidade, novas mídias desenvolvidas nas artes, novas drogas de substituição (antes no asilo, as substâncias farmacêuticas; agora, na cidade, substâncias de pedras), novas ambições sociais que retrocedem o espírito e individualizam o duplo, matando o desejo de potências puras. O poeta foge do urbano, da cidade e vai para a natureza, o sertão, o campo, a floresta. O espetáculo renova o ciclo mítico de seu antecessor: finaliza, novamente, com o início de uma festa de boas-vindas de uma tribo indígena para o poeta. A festa é um ritual xamânico, o qual traz de volta a A(r)tor todas suas virtudes e potenciais criativos.

Artopofagia
Final da tetralogia do Movimento Artoriano. Vislumbra a fase de transcendência do poeta A(r)tor. A narrativa mostra a vivência do poeta junto a tribos indígenas antropófagas e suas diversas manifestações culturais e espirituais. Mostra ainda sua descoberta, nas tribos, de ossadas das mais variadas personalidades sociais: Jesus Cristo, Platão, Brecht, Bispo Sardinha, Napoleão, Dom João VI, Hitler, Gandhi, Chacrinha e Oswald de Andrade
(este, encontrado junto com seus escritos: Pau- Brasil e o Manifesto Antropofágico). O poeta então percebe que ele será o próximo a ir para o fogo. Resolve, então, também deixar um último legado, sua última obra teatral absurda: ARTOPOFAGIA, para a qual convida a tribo para ser seu elenco. A narrativa mostra a direção cênica do poeta e a liberdade de atuação de seus artistas, uma vez que a obra não tem roteiro, falas, nem a possibilidade de apresentação. Mais uma vez, o espetáculo termina com o início de uma festa, promovida pelos índios antropófagos durante o ensaio do último ato da obra absurda; A(r)tor em uma fogueira, sendo queimado e ofertado à noite e todos celebrando a ceia da jornada final deste poeta, que de alguma forma se tornará imortal: “o que me alimenta, transcende de ti, em mim”!